É um cantar que nasceu pelos corredores da fronteira, e há muito tempo é assim, andejar e andejar, distâncias que são encurtadas pelas patas de fletes, e relatadas aqui pelo linguajar próprio, de campo.

Aqui vamos relatar o que vivenciamos, sentimos e até os sonhos que nos rodeiam, a cada passo do flete destino de quando em quando firmamos os arreios do pensamento e paramos n'alguma porteira divisora de razões, daí que brotam as discussões, cada um defende suas origens, peleiam por algum ideal, mas não podemos esquecer de que andamos sempre "Compondo Rastros".

Cada um tem seu passado que cruzou, deixou "rastros", por isso temos que firmar a rédea do destino e seguir firme na estrada que escolhemos, é por aí o caminho que estamos "Compondo Rastros".


"Sou herdeiro dos caminhos,
Do rastro que me condena
Canto aqui as minhas penas
Colhidas por tantos pagos
Aroma de terra e pasto
Adoçado de sentimento
Que se mesclou aos ventos
Pra compor os meus rastros"



Carlitos da Cunha de Quadros

Santa Maria - 24/07/2010

Tempo Chuvoso


Radio Fronteira Gaúcha

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sexta-feira, 25 de março de 2011

Ainda esses dias...



Por um momento me paro mais quieto,silente,buscando apegos e ânsias em meus pensamentos que agoam lembranças do passado. Num repentino momento me surge a fértil lembrança de um verdadeiro herói da minha vida : meu avô ! 
-Homem de poucas palavras,olhar sério e altivo,destes paridos na fronteira sob um galpão de quincha firme,onde guardava a mais pura humildade de um ser-

É o Izidoro da fronteira,é o Izidoro filho do campo,é o Izidoro dos doces "regalados" depois dos meio-dias na intimidade de avô e neto, mas acima de tudo é o Izidoro homem de campo,que nunca deu importância para o luxo e nem para os costumes de modernismo que imperavam na cidade.
Nas largas tardes de agosto,costeando um fogo ancestral que aguentou-se pelos anos "amadrinhando" conversas de tantos outros avôs e netos,mas que naquele momento parecia luzir mais em suas lavaredas, tal como iluminasse o sentimento familiar que habitava nosso peito. 
Relembro causos de assombros e domas que encantavam meu olhar, pois aquilo que para muitos não passaria de uma mera história de dormir, para mim era como se estivesse acontecendo naquele exato momento, me atiçando ainda mais os sentidos.
Não sei se foi pelo destino que o laço familiar nos uniu... é, talvez seja mesmo,pois nunca vi duas almas que se pareciam tanto, daquelas que somente no silêncio da "mirada" sabiam de tudo que indagava e habitava o coração um do outro.
"Ninguém nasce pra semente e nem vem pra Terra pra ficar ! " . É com essa frase que o tempo mostrou sua força e encarregou-se de separar de mim quem parecia que iria permanecer ali no meu costado durante mais um largo e infindo tempo. Uma precoce despedida daquele que mereceu e sempre merecerá meu respeito por suas essência pessoal.
Confesso que às vezes olhando o horizonte banhado de azul celeste, pareço vê-lo de rédea firme na mão em seu tordilho, tal como sentado num trono de arreios...
Mas logo me recolho,calço as alpargatas e saio assim, caminhando na direção do nada, assoviando uma milonga calma enquanto relembro o que ainda esses dias traçou meus rumos de hoje.

 
" ‘As vez' me vou pela invernada e ainda escuto
Um sapucay que de um aboio se estendeu
Tirando as vacas de um capão de corticeira
Ou algum terneiro que da tropa se perdeu
Sonando em coplas pelo vento vai seu grito
Que ainda esses dias ia junto com o meu..."
 Verso : trecho da letra Ainda esses dias... de Gujo Teixeira.




Matheus Costa (Dom Pedrito)


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